Faltou futebol

Não sou jornalista, nem comentarista, muito menos tenho qualquer ligação profissional com o futebol. Mas sou um grande fã desse esporte. Um torcedor orgulhoso da Seleção Brasileira. E como tal, essa derrota de ontem machuca. Machuca pela forma, pelo resultado, por tudo.

Se havia na Copa uma seleção que podia nos vencer sem machucar era a Alemanha. Podíamos perder pra eles e sair aplaudidos, com a missão cumprida. Eles tem um timaço. Eles se preparam pra essa Copa há anos. No campo sempre foram os verdadeiros favoritos. Mas a atuação lamentável de ontem conseguiu fazer com que mesmo a derrota mais aceitável se tornasse a mais vexatória.

Não faltou vontade. Não faltou entrega. Não faltou dedicação. Faltou futebol. E em um jogo entre gigantes camisa não decide. Porque do lado de lá também tem uma camisa poderosa (que, definitivamente, não era do flamengo). Pra vencer a Alemanha, pra ganhar uma Copa, é preciso jogar futebol, e nosso comandante esqueceu deste detalhe.

A grande maioria dos nossos jogadores esteve abaixo do que pode. Mas quem foi mal mesmo foi o Felipão, que se apegou ao emocional, ao cenário de uma Copa em casa, ao fator Neymar e principalmente à Copa das Confederações, e achou que naturalmente, através de alguma energia cósmica vinda de sei lá onde, o time ia engrenar e jogar a bola que jogou naquele torneio. E isso não aconteceu. Na Copa em que o bom futebol foi resgatado, o nível técnico superou expectativas, que seleções sem a mínima tradição mostraram que aprenderam e evoluíram, logo o time do país do futebol esqueceu de jogar bola. O 7x1 é apenas um requinte de crueldade pra fechar o caixão dessa seleção que esqueceu de levar o seu futebol pra Copa.

Mesmo assim não acho que o Felipão seja culpado. Nem os jogadores. Se tem algum culpado pelo vexame, além da Alemanha, é o próprio futebol brasileiro, sua organização, seus dirigentes, seu planejamento inexistente e sua dificuldade de assumir que o jogo evoluiu, e precisamos evoluir com ele.

Essa derrota dói. Mas tenho certeza que dói mais nos jogadores do que em mim. Hoje continuarei minha ralação, a vida dura de brasileiro, e esses jogadores irão para seus carrões, iates e milhões. Mas eles levarão esse resultado com eles, pra sempre, eu não. Por isso os apóio, os respeito, e torço por eles, pra que dêem a volta por cima daqui a 4 anos. Sou brasileiro e tenho orgulho do nosso futebol, aquele, jogado dentro do campo. Nosso país continua, nossos problemas continuam, nossa vida continua. Ganhar a Copa não mudaria o rumo. Perder também não. O que resta agora é, literalmente, bola pra frente.

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